terça-feira, 17 de janeiro de 2012

saudades de você

Deito-me num salto nos verdes degraus de seu lar.
Ponho-me, então, a olhar além do ar que sobrevoa.
Será o teto?
Será o céu?
Se move.
É lindo.
Me interrompe subitamente um pinicar sem som, mas quero descobrir, não me movo, continuo a observar.
É lindo.
Viajo, deixo-me levar, me envolvo, deixo-me flutuar, deslizo.
Observo de olhos cerrados.

Novamente me interrompe algo, de mansinho uma voz me chama, é doce.
Procuro não ouvir, tento não entender, não entendo.
Me perdi, não vejo mais a bela coisa que não sei o que é, não vôo mais.
Uma nova sensação toma conta de meu ser, caí, uma curta distância, o impacto proposital foi na cabeça.
Me levanto nu, minha pele sente frio, talvez fosse vento, olhei para o horizonte e vi coqueiros a balançar.

De repente viro vítima de um pensamento denso, com uma camada protetora que me envolve, não consigo sair.
Morri por um momento e me transformei em puro cérebro, não controlava meu corpo e não sentia mais frio, estava quente, energético e só pensava.
Uma clareza me invadiu e, como em um flash, me vi. Estava nu, em pé, a olhar para o céu, no meio da plantação de teu sítio.

Ressuscitei, continuei a olhar para o céu.
Se movia.
Era lindo.
Era isso. Eu estava a observar o céu.
Mas, e a voz? E o pinicar?
Raciocinei, olhei para o chão, o pinicar era da plantação.
Uma luz se acendeu em mim, uma memória. A voz... era sua, era sua voz, que veio de muito longe, que mal fiz eu em ignorar.
Voltei meu olhar para o céu novamente, compreendi, era saudades de você a voz que veio.

Fitei o céu, belíssimo agora, as nuvens se abriam, cada uma em uma direção, mostrando o azul celestial.
Talvez fosse o vento indeciso, que ora jogava meus cabelos pra lá ora pra cá.
Ou talvez fossem espíritos empurrando as nuvens como que celebrando meu ato de simplicidade, a saudade.




(resgatado do túnel do tempo
provavelmente de meus idos 13 anos de idade...)

2 comentários:

Raphael Lima disse...

Meu, demais!
Meu, delícia pura!!!
Que coisa boa ler isso, que coisa boa! Brigadíssimo!
Te amo!

Lígia Aggio disse...

não tinha visto seu comentário aqui, jacaré!
super imagino você vivendo essa cena toda... rs...
ai, quero muito saber como está tudo aí, nessa vida azul de céu e mar!
beijo grande!
saudades já