terça-feira, 2 de outubro de 2012


de verso, de luz e de prosa
segredos e intimidade
cabelos, paixão e um toque
a fala ao pé do ouvido
teu peito quente, macio

                       de que é feita a vida?
matéria de sonhos
                       inconstante e infinita
mais e mais profundidade
                       te peço
te meço
                       não sei quanto mereço
                       pareço
                       sempre assim
                       em mim
                       por mim

só sei que aquele tempo
quando te conheço
é quando de mim me perco

fico em ti
                       palma da mão aberta
teu beijo
                       danço em tua boca
mergulho
                       nas linhas desse destino
traçado
                       um laço
a rosa
                       a um passo
cigana
                       que te clama
"acende minha fogueira
                       que já é noite
                              e a dança me chama"



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

mudando















(uma das frases na fachada do restaurante Tutto Riso, foto disponível em http://saltonharmoniza.blogspot.com/2010/03/fora-de-casa-tutto-riso.html)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

No Alto


Machado de Assis

O poeta chegara ao alto da montanha,
E quando ia a descer a vertente do oeste,
Viu uma cousa estranha,
Uma figura má.

Então, volvendo o olhar sutil, ao celeste,
Ao gracioso Ariel, que de baixo o acompanha,
Num tom medroso e agreste
Pergunta o que será.

Como se perde no ar um som festivo e doce,
Ou bem como se fosse
Um pensamento vão,

Ariel se desfez sem lhe dar mais resposta.
Para descer a encosta
O outro lhe deu a mão.



terça-feira, 17 de janeiro de 2012

saudades de você

Deito-me num salto nos verdes degraus de seu lar.
Ponho-me, então, a olhar além do ar que sobrevoa.
Será o teto?
Será o céu?
Se move.
É lindo.
Me interrompe subitamente um pinicar sem som, mas quero descobrir, não me movo, continuo a observar.
É lindo.
Viajo, deixo-me levar, me envolvo, deixo-me flutuar, deslizo.
Observo de olhos cerrados.

Novamente me interrompe algo, de mansinho uma voz me chama, é doce.
Procuro não ouvir, tento não entender, não entendo.
Me perdi, não vejo mais a bela coisa que não sei o que é, não vôo mais.
Uma nova sensação toma conta de meu ser, caí, uma curta distância, o impacto proposital foi na cabeça.
Me levanto nu, minha pele sente frio, talvez fosse vento, olhei para o horizonte e vi coqueiros a balançar.

De repente viro vítima de um pensamento denso, com uma camada protetora que me envolve, não consigo sair.
Morri por um momento e me transformei em puro cérebro, não controlava meu corpo e não sentia mais frio, estava quente, energético e só pensava.
Uma clareza me invadiu e, como em um flash, me vi. Estava nu, em pé, a olhar para o céu, no meio da plantação de teu sítio.

Ressuscitei, continuei a olhar para o céu.
Se movia.
Era lindo.
Era isso. Eu estava a observar o céu.
Mas, e a voz? E o pinicar?
Raciocinei, olhei para o chão, o pinicar era da plantação.
Uma luz se acendeu em mim, uma memória. A voz... era sua, era sua voz, que veio de muito longe, que mal fiz eu em ignorar.
Voltei meu olhar para o céu novamente, compreendi, era saudades de você a voz que veio.

Fitei o céu, belíssimo agora, as nuvens se abriam, cada uma em uma direção, mostrando o azul celestial.
Talvez fosse o vento indeciso, que ora jogava meus cabelos pra lá ora pra cá.
Ou talvez fossem espíritos empurrando as nuvens como que celebrando meu ato de simplicidade, a saudade.




(resgatado do túnel do tempo
provavelmente de meus idos 13 anos de idade...)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

            Enquanto o tempo das rosas deixa um vermelho clarinho acariciando meus dedos cheios de espinhos para acupuntura no computador, as novidades quentinhas do jornal se esfarelam como prédios implodidos que ficam ainda em pé, por força dos seus dignos alicerces e raízes misteriosas. A beleza deste próximo verso eu entrego ao meu amor, meu amor, que jamais será meu, que será meu só quando estiver plenamente livre de mim e das minhas agarras de karne e ozzo... Eu acredito nesta nova era de Alegria, Dragão e Amor Libertante para todos os seres e escrevendo, escrevendo eu vivo, vivo antes de escrever e me liberto libertando meu amor de mim, atuando de maneira ante palavra, ante palavra, palmo a dedo e tinta de sangue que mancha, some e não se apaga. O calor das tuas intimidades me atrela ao infinito instante que pude estar com aquilo que achei que você era para mim... A umidade da tua alegria ao me sentir tocandovendorespirando me ressalva de minha ilusão peculiar... A falta de interesse por minhas necessidades mais profundas, a falta na verdade de prática em minhas necessidades mais reais e profundas me assola e purifica... Só resta em mim, mesmo, um sorriso.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Coerência




No limite, só se virarmos todos monges.

Ora, se no tempo de antes houve na Amazônia simbiose linda e absoluta entre gentes e o natural. Hoje, impossível não estar conectado a um tecido de trocas em si injusto.

A incoerência segue a voar sobre nossas cabeças como urubus.

A loucura, o homem nu entenderá.







Apunhalei-me e do peito jorrou um jato de muita água
Em instantes estava submerso
Nadava sem precisar respirar
Oceano de lágrimas