segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Quanto vale sua essência?

Certo eu estava quando imaginei que um dia só restaria a mim mesmo das memórias do que vivi.
Tenho dessas coisas de vez em quando. Fazer balanços, observar e questionar o que teria sobrado dos velhos tempos, dos velhos amigos.
A verdade é que a maioria se corrompeu, sem lutar muito. É claro que seria estúpido da minha parte dizer que permaneço intacto desde que me conheço por gente. Nós mudamos: de ideias, de companhias, de paradigmas, de crises. De opinião, nem se fala!

Mas existe um "quê", um elemento interior que clama forte, que é aquela chama acesa no fim do corredor. É o que nos distingue dos demais, é a fronteira final da auto-corrupção e dos desanganos. É esse elemento que observo dentro de mim e ainda o vejo intacto. E como é difícil mantê-lo!

Questão de dois anos atrás, ou nem isso, num aniversario de uma grande amiga, ela virou e me disse "Nunca deixe de ser assim do jeito que você é!". Meio que uma intimação. A partir desse dia, notei que o trabalho que se tem para manter essa essência viva vale cada minuto, cada esforço e cada preocupação. Eu vendo muito caro as minhas convicções e pago um preço alto por essa resistência. Mas tenho motivos de sobra pra sorrir.

Hoje, numa conversa, notei mais um dos velhos amigos entregando tudo o que era em troca de uma máscara suja, enfadonha e tão vulgar quanto qualquer um que esbarre ao seu lado, sem qualquer distinção de ser. E se recusa a enxergar. Jamais admitiria. É triste ver, saber que há alguns anos tal pessoa defendia ao seu lado os mesmo ideais.

Pior que isso é vê-lo se transformar naquilo que sempre criticou e jurou jamais ser em sua existência.

É o preço que se paga. Talvez a ignorância seja mesmo uma benção. Ou não.

Quem vai saber?

2 comentários:

Helena Erthal disse...

Victor,
Parabéns pelo belíssimo texto...É difícil manter-se na vida sem desvios à nossa essência. Tem vezes que precisamos flexibilizar, até mesmo para viver "o outro lado" e tirarmos nossas conclusões. Mas para isso é necessário ter muita lucidez, ou seja, estar cônscio que é uma vivência e não um disvirtuamento. Vivi boa parte de minha vida fora do que chamamos aqui, da "minha essência". Foi muito, muito ruim mas foram anos que serviram de aprendizagem, pena que precisei desperdiçar tanto tempo até perceber meu caminho real novamente.
Espero que vc seja sempre perceptivo ao que precisa ser vivido, não interessando o lado que esteja...mas que a lucidez o acompanhe sempre!! Que você e a equipe do "Grão" tenham um 2011 maravilho!
um forte abraço
helena

Victor Jabbour disse...

Helena, obrigado pela sua visita!
Acredito que nós tenhamos esse período de sombras, onde trafegamos por diversas situações e questões até formarmos nossas opiniões e verdades.
É trabalhoso, não é? Mas é um caminho que vale à pena trilhar!
Obrigado pelos votos e também lhe desejo um 2011 cheio de avanços e que nossos limites sejam apenas onde nós mesmos queremos chegar!

Abraço!