segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Porque mentir é Zen, meu bem

Às vezes, parece que mentir é catarse. Catarse de alguma culpa que tenho escondida dentro de mim e a vontade de externalizar se corrompe.
Não é pra se sentir mal, mas quantas vezes não nos sentimos tendenciosos a contar aquela inverdade que nos cabe tanto como verdade?

E nós criamos, sintonizamos uma realidade paralela e outonal de inofensiva, mas que a vontade interna nos morde pra que fosse verdade. Os juízes internos nos chacoalham, nos dão puxões de orelhas e sermões infindos de tanta austeridade que o remorso é tão implacável como a certeza do amanhã.

E na verdade, o que há de errado? As mentiras não são todas iguais. Há aquelas que encerram em si negativismo e ar impostor. Mas, não consigo em consciência condenar a mentira-sonho, mentira idealizada que nos põe numa atmosfera de maior justiça interna.

O sonho muitas vezes não passa de uma mentira não executada, por vezes medroso e tinhoso.

Há de se parar de sonhar, criar, recriar o reinvento?

Quem é que pode saber, quem é que pode diferenciar? Sonhar mentiras é bom, acaricia nossas mentes fustigadas de verdades pouco palpáveis, povoada de concretismos.

Mentir faz bem pros ouvidos sem se saber de quem.

Mentir é Zen, meu bem.