segunda-feira, 11 de maio de 2009


Um mestre de Zen não é simplesmente um professor. Em todas as religiões, há apenas professores. Eles ensinam a respeito de assuntos que você não conhece, e lhe pedem para acreditar no que dizem, porque não há jeito de transformar essa experiência em realidade objetiva. O professor tampouco as vivenciou -- ele acreditou nelas, e transmite a sua crença para outras pessoas.

O Zen não é o mundo do crente. Não é para fiéis; o Zen é destinado àquelas almas ousadas que são capazes de desfazer-se de toda crença, descrença, dúvida, razão, mente, e mergulhar simplesmente na sua existência pura, sem fronteiras.

Ele traz, porém, uma transformação tremenda.

Permitam-me, portanto, dizer que, enquanto outros caminhos estão envolvidos com filosofias, o Zen está envolvido com metamorfose, com uma transformação. Trata-se de uma alquimia autêntica: o Zen transforma você de metal comum em ouro. Mas a sua linguagem precisa ser entendida, não com o seu raciocínio e o seu intelecto, mas com o seu coração amoroso. Ou até mesmo simplesmente escutar, sem se importar se é verdade ou não. Um momento chega, repentinamente, em que você enxerga aquilo que não percebeu a vida inteira. De repente, abre-se aquilo que o Buda Gautama denominou "oitenta e quatro mil portas".

A figura central desta carta está sentada sobre a enorme flor do vazio, e segura os símbolos da transformação -- a espada que corta a ilusão, a serpente que se rejuvenesce trocando de pele, a corrente partida das limitações, e o símbolo yin/yang da transcendência da dualidade. Uma das mãos repousa no seu colo, aberta e receptiva. A outra está embaixo, tocando a boca de um rosto adormecido, simbolizando o silêncio que se instaura quando estamos em repouso.

Este é um momento para uma passividade profunda. Aceite qualquer dor, tristeza ou dificuldade, conforme-se com o "fato consumado". É muito semelhante à experiência do Buda Gautama quando, após anos de busca, ele finalmente desistiu, sabendo que não havia nada mais que pudesse fazer. Naquela mesma noite ele se tornou iluminado. A transformação chega, como a morte, no seu devido momento. E também como a morte, ela transporta você de uma dimensão para outra.

5 comentários:

Lígia Aggio disse...

texto retirado da carta "Transformação" (Osho Zen: The Solitary Bird, Cuckoo of the Forest, Chapter 6)

e quem se interessar, a cigana está à disposição para colocar suas cartas Zen

;)

Victor Jabbour disse...

E a moça escreve desenfreadamente...E me diz, quem é que pode conter tanta transformação e dinamismo num só ser?
A mágica é descobrir realmente em que estado consciencial nos encontramos, pois só assim há o entendimento do verdadeiro eu. É viver o aqui e o agora, sem imposições, sem dogmas.

Você traduziu essa realidade, utilizando-se de sua própria condição de metamorfose...

Infinitamente belo!
Escreva, sempre!

:)

Lígia Aggio disse...

é isso aí

AQUI E AGORA

é tudo o que o Zen vem nos despertar

é o Presente da Vida

é viver a esterna transformação do Tempo... neste Grão de vida que nos foi dado e que, sabemos, é efêmero, é transitório e passageiro. Dancemos sobre a Mandala da Vida... aquelas feitas com tanto apreço, grão a grão no chão onde passam milhares e logo a destroem. Não se enganem, não chorem. Ela foi feita pra isso: pra celebrar a beleza da impermanência.

e aí, fechou? Tá fechado? Viver o Presente Impermanente da Vida?

eu fecho!
aqui!

e abro!
agora!

"está aberta a nossa sessão, meus irmãos e minhas irmãs"
hahahahhaa

Victor Jabbour disse...

Hahahahaha!

Eu fecho, e pago bem pela oferta de viver o AGORA!

Poeira ao vento, mas ao mesmo tempo, tão intensa...

Eu fecho, impermanentemente...(!!)

Raphael Lima disse...

nao abro nao fecho... penetro. rs!