segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

MELANCIA

fizemos as pazes graças a Deus
dá para acreditar?
dá pra acreditar que já te achei uma farsante
gigante massante por ser mais água do que fruta...

coisa de pamonha

levado pelo rio do tempo
vi pela primeira vez teu sorriso fatia
quem diria?
e devorei tua boca vermelha!

coisa de coração arenoso

reconheço agora que não mentes
seus dentes sementes nunca trairão aquelas
almas ressequidas pelo mar e pelo sol de dois gumes
que, se ilumina, também assassina

coisas do mistério

vem e irriga a plantação dos meus delírios
sirva de adubo para dias melhores
para santos dias de amor
firmeza e compreensão

coisas do além

amém.

2 comentários:

Victor Jabbour disse...

Isto é MÁGICA
Isto é MAGIA
Isto é POESIA, caro Josa!

Maravilhoso! O Grão anda cheio de inspiração ultimamente!

E que 2010 seja assim, pra melhor!

Grande abrax!

Anônimo disse...

Melancial

Vi de longe, entre as frestas, um melancieiro.
Rústico, alquebrado de tanto peso a levar.
Olhei atentamente mais uma vez.Era ele.
Abri a janela e constatei.É mesmo!
Os meus olhos brilharam, e dentro de mim algo acendeu.
Senti-me estranho, meditativo, lúcido e energizado!
Sem fala alguma o melancieiro já me tocara.
Havia algo, eu sabia. Ali tinha coisa...
Sempre acontecia em dezembro!Era batata!
Apesar da surpresa, esperara pelo passar dos meses.
Sabia, ou espreitava, que novamente haveria de acontecer,
A fatalidade da convergência dos nossos caminhos.
Mais uma vez, eu e ele,frente a frente.
Para ostentar certo gracejo cultural perguntei:
___Como estão as plantas cucurbitáceas?
Uma pausa de segundos...
Parecia um vácuo de tempos, que permeou toda atmosfera.
Segundos de fazer engasgar a goela da alma!
Sereno, e quase majestático respondeu:
___Estão cheias de sementes.Sementes potenciadoras.
___Potenciadoras?
___Isso mesmo!Nelas estão muitas potencialidades.
Embutidas e residentes.Dormentes e lúcidas.
Características próprias e individuantes irão desencadear...
Beleza e glória em majestade ao frutificar!
Quase nunca passara desse ponto...
Em um atrevimento trêmulo de dar medo, perguntei:
___Qual a razão de tantas melancias?
___ Por causa da lei da semeadura. Irei plantá-las.
Indignado comigo mesmo por desconhecer tal lei indaguei:
___Que lei é esta?
Disse-me com apreço pela minha ousadia:
___ Um novo tempo se aproxima!Muito trabalho haverá pela frente!
Persuadido pela lei da semeadura, sem improviso, vou semear...
“Pois aquele que semeia pouco pouco também ceifara;
e o que semeia com fartura com abundância também ceifará “.