terça-feira, 13 de outubro de 2009

Prisão de Vidro

Considerandos

A dor em arte, a arte em dor. Arte maculada, improvável, mas ainda arte. Faz-se necessário, porque escondê-la, é recriminá-la. Ignorá-la pode ser desolador.

O que começou um dia há de ter fim. Porque não pode chover o tempo todo...
___________________________________________________________



I. Reflexão



Pesado, arrastado das origens.
Cerceado, marginalmente estéril.
A respiração contrai-me os gritos mudos,
Censurados, somos,
Enclausurados seremos.
Da lei e burocracia, o entrave materializado,
O concreto urbaniza a alma,
Outrora repleta de supernovas,
Emudece no vácuo frio da impessoalidade.
Conforme lhe escrevo confidências frias,
Em dízima periódica, pragmáticas,
As portas se fecham, as paredes contraem.
Contra o peito vazio, sem ânsias,
Como os corações dos que se entregaram,
À ditadura do cinza, do nada,
Do não...

7 comentários:

Josa disse...

"Faz-se necessário, porque escondê-la, é recriminá-la. Ignorá-la pode ser desolador..."

Victor amigo.

Deixa a lava sair.
Tá na hora, joga fora!
Todo o pus
Toda angústia

abraços

Victor Jabbour disse...

Josa, amigo...

Este é o primeiro de uma série de episódios, onde pretendo justamente fazer o que disse: expurgar toda essa sequência que vem matando aos poucos.
Não é tão simples quanto escrever versos calmos, mas no desafio está o movimento para seguirmos.

Obrigado pela força e por compartilhar mais esse momento!

Abrax!

Raphael Lima disse...

isso me faz pensar na morte, no evangelho segundo São João também, se o grão de trigo não morre fica infecundo, mas se morre dá muitos frutos, acho que é por ai, renascer só é possível quando morremos que é um tipo de expurgação não? vamos ver!

venha firme amigo purifique-se, germine-se, estamos juntos!

Victor Jabbour disse...

Até o fim, Rapha!
Vamos juntos!

Grande abrax!

Lígia Aggio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lígia Aggio disse...

alma urbanizada pelo concreto, emudecida no vácuo frio da impessoalidade... coração entregue à ditadura do cinza, do nada, do não.

fantástico, VJ!

realmente muito bom, se fez sentir, texto-imagem-sensação

mas é isso, deixa esse coração enclausurado desabafar, explodir, esparramar-se

aqui há chão pra isso
;)

Victor Jabbour disse...

Ligia...

E eu vou em frente. Haverá muito o que ser dito ainda.

Obrigado por estarem aqui!

Paz!