domingo, 16 de novembro de 2008

Carta a Vinicius,

Parceirinho querido, como vai levando?
Lembrei de você outro dia. Não é brincadeira, não. Andava eu pela avenida paulista lá pela hora do almoço ouvindo nosso grande Villa-Lobos no fone de ouvido. Estava voando na brisa das Bachianas. Quando de repente, sem aviso, decidi dar uma boa olhada nas paulistanas que vinham e passavam por mim...

Bateu uma tristeza, meu amigo. Daquelas apertadas. Tive isso, acho eu, por causa de um motivo bem simples: Todas elas caminhavam... sisudas, sabe? Sem Graça. Com aquele friso horroroso no meio da testa. Sem a ternura e a delicadeza que fazem delas o moto continuo de nossos corações dilatados. Ah, tive que respirar fundo...

Num breve instante, pensei que talvez faltassem algumas garotas de Ipanema aqui no túmulo do samba. Nessa paulicéia cada dia mais bruta, acho que faltam mocinhas mais alegres, mais de bem com a vida, mais bossa novas...

De garotas de Ipanema e bossa nova logo veio você na memória, poetinha. Companheiro 100% que tanto tem me ensinado sobre a música e a dor de amar essas mulheres que nos deixam loucos! Faz tempo que ensaiava lhe mandar uma cartinha, mas ia empurrando com a barriga. Você sabe como é.

Mas fique tranqüilo que estou muito bem, radiante. Seguindo ao pé da letra seus conselhos: Tô me entregando, Vinicius! Sem medo de amar. Rasgando o coração e mergulhando pra valer nessa vida que tanto vale a pena! Mandando brasa na arte do encontro, a cada dia e amiúde.

Vez em nunca bate aquela melancolia... mas é assim mesmo, não é? E pra que chorar? Se amanhã o sol já vai raiar. E sempre haverá uma mulher a nossa espera, cheia de carinho e perdão...

Bem, espero em breve mandar mais e (sempre) melhores boas novas.

Obrigado por tudo.

Vamos que vamos!

Seu amigo do pagode e do perdão,

josa.

9 comentários:

Victor Jabbour disse...

É, meu amigo! Tenho certeza que ele lamenta por ver tanta falta de entrega e o desapego à vida em nossa rotina.
Mas, não há trabalho que não possa ser continuado. Vamos nós fazer a diferença em nossas vidas, criando, compondo e versando sobre tudo o que podemos encontrar em nossas vivências!
Paz!
Grande abrax!

Josa disse...

É isso meu caro!

"fazer a diferença em nossas vidas"

Nossa época não é pra palanques, nem pra panfletos inflamados.

Como vivemos. É esse o maior e inteiro partido político para a transformação! Crescimento!

abs!

josa




compondo e versando...

Anônimo disse...

DESTE EU GOSTEI.

Fabio disse...

Josa continue a refletir em um espelho, mesmo que opaco e deslocado no tempo, um pouco da luz de um dos nossos mestres.
Fico feliz quando vejo que alguem tambem ve o que eu vejo

abraço!

Josa disse...

fábio!

vamos firmes remando contra maré...

abs!

Unknown disse...

ai Josa ! Muito lindo isso ... Sabe de uma coisa ? Talvez eu seja uma dessas sisudas que andam pela avenida paulista, talvez não... depende do dia! Mas ai, tem muito samba dentro de mim e muita alegria tbm. Espero transparecer mais isso para qnd vc for observar as coisas por lá novamente, vc me encontre e veja alguma garotinha sorrindo à toa. Eu sempre observo as coisas por aqui (Av. Paulista), e de vez em quando eu vejo umas pessoas assim, felizes... Mas confesso q é meio raro tbm, as sisudas e sisudos são a grande maioria.
Enfim, adorei ! Obrigada por me mostrar...
beijos

Anônimo disse...

Acho que é o primeiro poema/texto seu que não gosto...
Mas o final é bom =]

beijo!

Josa disse...

Não gostou da cartinha, Dani... :(

Acontece, acontece...

Mas saiba, sinceramente, q vc É uma Garota de Ipanema! Cheia de Graça ao andar por essa São Paulo surda e sem coração...

E vc também não tem friso na testa...

abraços,

josa

Anônimo disse...

hhaha Josa, eu tenho friso sim. Mas é pq meus olhos são sensíveis e essa luz toda do dia arrasa a minha retina. hahahaha
De noite não tenho frisos, não.

É que sei lá, Josa.. eu gostei da sua idéia. Mas a execução, se eu não te conhecesse tão bem, me pareceria machista.

Mas como disse, o final conserta tudo.
hahahah